segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Sou água



Há dias vivo em estado líquido

Transbordando por tudo

Desaguando em palavras

Derramando em lágrimas

Escorrendo em sua boca

Encharcando seu corpo


Renata Fagundes



domingo, 29 de novembro de 2009

Tua



Eu triste sou calada
Eu brava sou estúpida
Eu lúcida sou chata
Eu gata sou esperta
Eu cega sou vidente
Eu carente sou insana
Eu malandra sou fresca
Eu seca sou vazia
Eu fria sou distante
Eu quente sou oleosa
Eu prosa sou tantas
Eu santa sou gelada
Eu salgada sou crua
Eu pura sou tentada
Eu sentada sou alta
Eu jovem sou donzela
Eu bela sou fútil
Eu útil sou boa
Eu à toa sou tua.


Martha Medeiros





Descobertas



Você se torna aquilo que acredita..ouvi essa frase outro dia.
Eu ainda nao sei quem ou o que me tornarei...nem quero saber.

Descubro um mundo novo em cada dia e tudo se transforma.

Descobri que mesmo escolhendo o caminho, estudando o mapa,
planejando o trajeto, existem momentos que nos perdemos.
Mas são os imprevistos da estrada que nos levam a lugares inesperados.

Descobri que assim como eu, a pessoa em minha frente também tem medo.

Que é preciso falar até a exaustão e ouvir pacientemente.
Se perde muito tempo e lágrimas, deduzindo situações.

Descobri que amor é maior que reconhecimento.
É uma vontade incontrolável de dividir tudo, inclusive os aplausos.

Descobri que quando mostrei meu "lado negro" sem medo de magoar
me surpreendi com alguém me amando primeiro pelos meus defeitos,
que por minhas qualidades.

Descobri que amor pode vir como uma tempestade que tira tudo
do lugar, bagunça sua vida e passa rápido.
Mas também pode vir como o sol que entra por cada frestinha
até iluminar toda a casa.

Descobri que surgiu uma mulher em mim que eu nunca imaginei
que existisse, uma mulher que deixou de brigar consigo mesma e hoje
vive em paz com seus anjos e demônios.


Renata Fagundes





sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Indefinível





Sagrado e profano
Doce e ardente
Lógico e incompreensível
Leve e obsessivo
Real e platônico
Pacificador e infernal
Abnegado e egoísta
Ponderado e impulsivo
Livre e prisioneiro
São e insano

Alguns diriam que é "fogo que arde sem se ver"

Outros clamam "que sua loucura seja perdoada"

Eu simplesmente não busco definições..apenas sinto em cada poro

Me deixo levar de olhos vendados e braços abertos

E me sinto REPLETA

Amém



Renata Fagundes





quinta-feira, 26 de novembro de 2009

EU - Modo de Usar




Pode invadir ou chegar com delicadeza, mas não tão devagar que me faça dormir.
Não grite comigo, tenho o péssimo hábito de revidar.

Acordo pela manhã com ótimo humor mas ... permita que eu escove os dentes primeiro.

Toque muito em mim, principalmente nos cabelos e minta sobre minha nocauteante beleza. Tenho vida própria, me faça sentir saudades, conte algumas coisas que me façam rir, mas não conte piadas e nem seja preconceituoso, não perca tempo, cultivando este tipo de herança de seus pais.

Viaje antes de me conhecer, sofra antes de mim para reconhecer-me um porto, um albergue da juventude. Eu saio em conta, você não gastará muito comigo.

Acredite nas verdades que digo e também nas mentiras, elas serão raras e sempre por uma boa causa.

Respeite meu choro, me deixe sozinha, só volte quando eu chamar e, não me obedeça sempre que eu também gosto de ser contrariada. ( Então fique comigo quando eu chorar, combinado?).

Seja mais forte que eu e menos altruísta! Não se vista tão bem... gosto de camisa para fora da calça, gosto de braços, gosto de pernas e muito de pescoço. Reverenciarei tudo em você que estiver a meu gosto: boca, cabelos, os pelos do peito e um joelho esfolado, você tem que se esfolar as vezes, mesmo na sua idade.

Leia, escolha seus próprios livros, releia-os. Odeie a vida doméstica e os agitos noturnos. Seja um pouco caseiro e um pouco da vida, não de boate que isto é coisa de gente triste.

Não seja escravo da televisão, nem xiita contra. Nem escravo meu, nem filho meu, nem meu pai. Escolha um papel para você que ainda não tenha sido preenchido e o invente muitas vezes.

Me enlouqueça uma vez por mês mas, me faça uma louca boa, uma louca que ache graça em tudo que rime com louca: loba, boba, rouca, boca ...

Goste de música e de sexo. Goste de um esporte não muito banal. Não invente de querer muitos filhos, me carregar pra a missa, apresentar sua familia... isso a gente vê depois ... se calhar ...

Deixa eu dirigir o seu carro, que você adora. Quero ver você nervoso, inquieto, olhe para outras mulheres, tenha amigos e digam muitas bobagens juntos. Não me conte seus segredos ... me faça massagem nas costas. Não fume, beba, chore, eleja algumas contravenções.

Me rapte! Se nada disso funcionar ... experimente me amar!


Martha Medeiros





terça-feira, 24 de novembro de 2009

Efeito




"A ausência diminui as paixões medíocres 
e aumenta as grandes, 
como o vento apaga as velas 
e atiça as fogueiras."

 
Machado de Assis











segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Deduções



A gente muda ou apenas se recicla?
Que desafio é capaz de temperar ou fatigar a vida?

A gente pode ser/fazer tudo que resolver, ouvi isso hoje.

É como usar  aquela carta na manga,
o plano C, secreto e intransferível,
que provoca o sorriso de Mona Lisa.

Alforriar os próprios demônios não garante a permanência dos anjos - disse ele

E daí?
Hoje saí, escolhi para as unhas vermelho, escovei os cabelos
pintei os olhos de preto,usei batom cor de boca.

E não me venha falar em grandes planos.
Esta semana sou toda emoção.
Batom e lápis.
Garras e fios.
Nas horas vagas eu sonho.
Nas ocupadas eu durmo.
Alienada, encarcerada e desarmada.
Se for pra ser frágil que seja onde eu sou forte.

Quando dei por mim, comecei a contar os dias numa espera ansiosa....

Texto Adaptado: Cláudia Letti









quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Pitada de Humor

Recebi esse vídeo por email do meu amigo Dan (para de sacanear meus posts seu estafermo...rs) e cheguei a ver no blog da Gabys, que por sinal é muito show, vale a pena conferir Miss Independente.

A. V. M. S.  Associação dos Viciados em Mídia Social

Adorei, o abraço fraternal no final do vídeo chorei de rir.


O importante é saber que existe uma saída, o fundamental é não desistir...rs









terça-feira, 17 de novembro de 2009

Receita Simples




Para o tédio - amigos
Para a tristeza - música
Para o pensamento - asas
Para a preguiça - alongamento
Para a solidão - telefone
Para ira - banho de chuva, saco de boxe, meditação [você decide]
Para o sofrimento - diálogo [divida sua dor]
Para o impossível - fé [Deus é o Deus do impossível]
Para um coração partido - cafuné
Para a gripe - "pincumel"
Para a felicidade - comemoração
Para o choro - abraço
Para TPM - compras
Para o mau humor - sorriso
Para o queijo - goiabada
Para o café - pão de queijo
Para o verão - cachoeira
Para os pés - direção
Para o próximo - doação
Para segurança - família [alicerce inabalável]
Para manter aquele sorrisinho - amor, sexo, contato, ato
Para perguntas inoportunas - respostas inconclusivas [nunca satisfaça a curiosidade alheia]
Para viver em paz - consciência limpa
Para o silêncio - livro
Para a paixão - chuveiro
Para descanso - travesseiro
Para o paladar - cheiro [pelo cheiro vem o apetite]
Para degustar - tato [sentir a textura antes de provar]
Para namorar - portão
Para revelar - coração
Para sentir - emoção
Para você - EU


Renata Fagundes

P.S - Para ficar com dor na barriga de rir, Si Coelho ligando web cam,

Si - "ocê tá vendo eu?"
Eu - não
Si - e agora?
Eu - ainda não
Si - agora tá vendo?
Eu - nããããããoooooo
Eu - você tem certeza que ligou isso direito?
Si - Não..  O.o

Você é doida mas eu te amo Moneeeeeeeeete!





quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Brincando





Meus príncipes (sobrinhos) me pegaram de surpresa essa semana, chegaram trazendo alegria, cheiro de nenem e muita boca melada.
Incrível como o amor é grude, pode não ser o jeito certo pra muitos, mas pra gente é, ficamos grudados todo tempo disponível que tenho, dormimos grudados, acordamos grudados e incrivelmente felizes.
Amo a casa cheia de sons infantis, cheia de parafernalha de brinquedos, balas e garrafinhas, é garrafa de tudo, de leite, de suco, de água, misturadas, coloridas, espalhadas.
Gostaria de ter o poder de dividir um "gole" desses momentos com quem se encontra triste, mau humorado ou que esteja sofrendo, passar uma garrafinha melada de alegria.

  Lucas me disse:
- Tia Tata eu ganhei um peixe
- Mesmo? E qual nome dele?
- O nome dele é tia Tata.
- Ué, mas porque tia Tata?
- Porque ele é mais legal que meu boneco do Ben 10, que meu boneco do Aranha e que todos os meus desenhos juntos.

E a partir desse momento, perdi meu "ego" de vista.


Renata Fagundes




domingo, 8 de novembro de 2009

Presente




Amor

Ah! O amor! Nele, tanto se fala...

O amor de fantasia que é feliz para sempre.

O amor de sonho que alimenta a esperança.

O amor de conquista que tempera a virtude com malícia.

O amor de carinho que acolhe, afaga e aconchega.

O amor de desejo que arde no corpo e chamusca a alma.

O amor de regozijo que insufla o gozo e a alegria.




Meus amores... Ah! Meus amores!

Quantos deles já se foram...

Alguns pelo abandono, outros pelo desgaste.

Alguns pelo falseio ou porque não enxergaram a verdade.

Alguns morreram ou simplesmente mudaram de endereço.

Alguns me traíram e fugiram abraçados com a ilusão.

Alguns entristeceram até definhar de tanto chorar.

Tanto amor eu conheci e algum tanto eu fui amado.




Houve um tempo de solidão e o amor não teve par.

Mas eu amei sozinho, porque o amor foi saudade.

Também amei sozinho, porque o amor foi autoestima.

Mas a necessidade de mais alguém

em sua essência é Fênix e sempre ressuscita.




Hoje, o amor é confortável,

porque de tanto debater-se em meu peito

acabamos nos amoldando, eu ele, um ao outro.

A despeito das armadilhas desta vida,

por ora, o amor é paz de espírito.

Que assim dure!


Autor: Obed de Faria Jr.





sábado, 7 de novembro de 2009

Papo de Mulher



Se engana quem pensa que mulher é só  liquidações, cremes, sapatos, cabeleireiro, dieta.
Elas são muito mais que isso, mais que a embalagem, mais que beijinhos e maquiagem.

Ontem fui jantar com uma amiga, no meio da conversa ela me disse:
- Vou deixar o Roberto.
Eu achando que era mais uma crise, tentei contornar:
- Imagina, vocês são perfeitos juntos.
E ela: tão perfeitos que parecia falso você não acha?
Fiquei muda, paralisada. Ela prosseguiu calmamente:
- Cansei de esperar que ele me enxergasse.
Eu querendo descontrair:
- Você não esta exigindo demais dele? Eles nunca nos vêem como somos de verdade,
o que não deixa de ser uma vantagem pra gente.

Ela sorriu e continuou:
- Verdade, mas o que mudou é que eu me enxerguei, eu me vi ainda cheia de sonhos, desejos, planos que não sabia que estavam aqui dentro adormecidos. Criamos nossos filhos, compramos nossos carros, tivemos nossas crises, mas agora, nesse momento, não existe crise, existe uma mulher que "se quer", que quer se colocar em primeiro plano uma única vez, que quer errar sozinha sem dedos apontando pra ela.
Não penso em novos relacionamentos, penso em me relacionar comigo, ouvir minhas músicas, usar as roupas que gosto, sem filhos e marido me repreendendo todo o tempo, quero ir pra academia com você Rê, quero experimentar coisas que nunca tive oportunidade.
Quero ser eu, verdadeiramente, sem depender da aprovação de olhos alheios.
Eu me vi e quero viver pra mim, isso é pedir muito?

Não, não era pedir muito...
Era arrancar dos olhos a cegueira.
Escancarar as janelas e deixar o sol entrar.

Eu percebi, que ser livre é muito mais que se livrar de alguém, é se livrar de sentimentos que nos  empobrecem como ser humano, é se libertar de conceitos pré - estabelecidos, é exorcizar sentimentos mofados, é limpar a casa pra deixar  o "novo" entrar.

Te amo Ruthe
Você me inspira e me emociona amiga, quando crescer quero ser igual a você.


Renata Fagundes


"Sinto muito mas não vou medir palavras
Não se assuste com as verdades que eu disser
Quem não percebeu a dor do meu silêncio
Não conhece o coração de uma mulher..."

Música: Migalhas - Simone



quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Meu Cantim


 


Depois que o mundo globalizou, que  a modernidade se instalou as pessoas se distanciaram.

Aqui no "meu cantim", todo mundo se conhece, se comprimenta, sorri uns para os outros, amigos de infância, vizinhos de infância, amor de infância.

Aqui a gente pega fruta no pé, sente cheiro de terra molhada, se lambuza comendo doce de compota e "estrepa" o pé andando descalço.

Aqui no meu cantim, adulto e crinaça é tudo igual, a gente corre, brinca, sem se preocupar com quem está olhando, ou "quem" está olhando...um ladrão? Um maluco? Um estuprador?

Aqui o tempo passa devagar, as pessoas correm menos, falam menos, gritam menos e sorriem mais...nosso dialeto único cheio de: uai, trem, causo de que, danado de bão, agrada um tanto mais um tanto, que quem escuta se encanta.

"E óia que quem vem pra cá num larga mão de voltar"

Meu cantim tem aromas, tem feitiço, tem grude, tem café e pão de queijo, broa de fubá e um céu de cair o queixo.
Por isso que nada me tira desse meu "cantim mineiro".



Renata Fagundes



domingo, 1 de novembro de 2009

A menina e o balanço




Assim que chegava ao parque, a menina corria para o balanço.
Adorava a sensação de liberdade , o vento no rosto, nos cabelos,o gelo na barriga, e queria sempre ir mais e mais alto.
A menina cresceu e a cada conquista, sentia a mesma euforia.
Mas, consequentemente assim como no balanço, sentimentos subiam,desciam, emoções vívidas iam se acabando, esfriando.De acordo com o movimento do brinquedo paisagens mudavam de forma, a menina estava mudando de forma. Sua visão mudava com o movimento do "balanço da vida".
Vitórias e derrotas também fizeram parte do seu caminho.
A felicidade da brincadeira era adiada por uma chuva repentina, pelo castigo da mãe, pela lição de casa, pelo projeto fracassado, pelo fim do relacionamento.
Com o tempo, ela aprendeu, que como o movimento do balanço, tudo que vai, volta.
Era preciso ter cuidado com atitudes, palavras, era preciso ser menos infantil.
Se tornou menos ansiosa, menos pirracenta, menos briguenta.
Aprendeu que grandes manobras, requer paciência e a disponibilidade de correr riscos.
Apesar de ainda gostar da sensação que o balanço proporciona, hoje a menina prefere caminhar tranquilamente, sentir o vento como ele vier, gelado, quente, forte, viver mais calmamente seus sentimentos e emoções, reavaliar decisões, conceitos, se responsabilizar por erros e celebrar acertos.
Continua a mesma menina, mas com percepção de gente grande.


Renata Fagundes


Foto: Danilo Menezes
(em um dia de brisa suave e gente acolhedora)